Segunda, 18 Dezembro 2017 00:00

Povo argentino dá exemplo de luta contra reforma da previdência de Macri


Desde a última quinta-feira trabalhadores entram em confronto em protestos contra a reforma da previdência do lado de fora do Congresso, em Buenos Aires. Na segunda, dia 18, parlamentares tentaram, pela segunda vez, votar o projeto. A polícia reprimiu as manifestações com violência. Mais de 80 pessoas foram atendidas pela “Atenção Médica de Emergências de Buenos Aires”, entre civis e policiais. Pelo menos 48 pessoas foram detidas. A polícia disparou balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água e os manifestantes reagiram com pedradas.
Os partidos da base aliada do governo anunciaram que há quórum suficiente e que a votação deve ocorrer, mas até o fechamento desta edição, os parlamentares ainda não haviam consigo aprovar as mudanças nas regras para a aposentadoria
“Respeitamos o eleitorado que lhes elegeu (nas eleições de meio de mandato em outubro), mas não para que tomem medidas que prejudicam grande parte da sociedade. Vamos protestar com uma paralisação”, disse Carlos Acuña, um dos líderes da principal central sindical, a CGT (peronista), que iniciou ao meio-dia, uma greve geral de 24 horas.
Aspectos da reforma
A reforma previdenciária de nossos vizinhos é igualmente perversa como a do governo brasileiro. Entre os principais pontos da reforma proposta pelo governo argentino estão a mudança do ajuste da mobilidade de aposentadoria, que passaria de semestral a trimestral e uma alteração na fórmula de ajuste que passaria a ser determinada por um composto de 70% da taxa de inflação e 30% da variação no salário médio dos trabalhadores estáveis.
Outro ponto determina que mulheres com 60 anos de idade e homens com 65 anos e, em ambos os casos, um mínimo de 30 anos de contribuições, podem optar por prolongar a vida ativa até 70 anos.
A reforma impacta a receita de cerca de 17 milhões de aposentados, pobres e deficientes, entre outros, em uma população de 42 milhões. Quase 50% dos aposentados de lá recebem o benefício mínimo, cerca de 400 dólares ao mês, em torno de R$1.280. Os demais recebem entre 50% e 60% do que ganhavam quando eram ativos.
Similaridades
A rivalidade entre argentinos e brasileiros no futebol é grande. Além da paixão de ambos os povos pelo velho esporte bretão, similaridades entre políticas econômicas que vêm de fora para dentro, por pressão do capital internacional, costumam se estabelecer nas duas nações, como os ataques aos direitos dos trabalhadores implementados pelo governo do presidente Maurício Macri, que não são diferentes da política neoliberal do governo Michel Temer, no Brasil. A única diferença política é que o primeiro venceu as eleições de seu país e o segundo, chegou ao poder através de um golpe. Mas nos dois casos fica claro um fato: sem pressão popular, não há como defender direitos e impedir retrocessos sociais.

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