Terça, 26 Dezembro 2017 00:00

Países com sindicatos fortes têm menos desigualdade

Os países em que os sindicatos são mais fortes, com grande participação dos trabalhadores na luta coletiva, são os que possuem menos desigualdades política e econômica. A afirmação é do polonês Adam Przeworjk, um dos mais renomados cientistas políticos contemporâneos. Graduado em filosofia, estudou ciências políticas nos EUA e viveu no Chile, no período em começava a “primavera socialista” de Salvador Allende.
“Em uma sociedade de mercado, na qual existe desigualdade social e econômica, sempre haverá também algum nível de desigualdade política. Talvez os países onde há menos desigualdade sejam aqueles que têm sindicatos fortes, onde a classe operária está organizada em um sindicato que tem recursos, que tem seus jornais e suas instituições. Falo, sobretudo, dos países escandinavos, onde os sindicatos têm muito peso frente às empresas. Em outros países há um grau de desigualdade política e econômica maior”, explica.
O exemplo da Dinamarca
Um exemplo é a Dinamarca, que ostenta a menor desigualdade social no mundo. Isto tem a ver com o estado de bem-estar social. Assim como seus vizinhos Suécia, Noruega e Finlândia, o país adota desde os anos 1930 um sistema de seguridade social segundo o qual todos os cidadãos têm direitos iguais a serviços públicos como saúde, educação e previdência.
O seguro-desemprego dinamarquês é de US$2 mil mensais por até dois anos. Quase metade da população tem uma renda média anual de US$36.700 a US$73.300. Estudantes acima de 18 anos que vivem sozinhos podem receber uma mesada de US$ 1.028. Os que vivem com os pais, têm direito à metade desse valor. O salário mínimo está em torno de R$10.816.
Lição para os brasileiros
De fato, a análise do acadêmico europeu serve de alerta ao trabalhador brasileiro, em uma época que o governo Temer e os empresários e banqueiros, amparados pela grande mídia, fazem de tudo para enfraquecer os sindicatos e as organizações representativas de luta coletiva para privilegiar a negociação individual. “Os patrões sabem que, como afirma o cientista político, sindicato forte e sociedade organizada são sinônimos de melhor qualidade de vida para o trabalhador e menos miséria e desigualdade”, explica a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso.

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