Terça, 26 Dezembro 2017 00:00

ENTREVISTA/ADRIANA NALESSO - “Minha expectativa é que a população eleja parlamentares comprometidos com a sociedade e os trabalhadores”

A presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Adriana Nalesso, faz a sua avaliação de 2017, um dos anos mais difíceis para o povo brasileiro, e de suas expectativas para o ano de 2018, em relação à conjuntura política e econômica do país e suas consequências para os trabalhadores, bem como a respeito das questões específicas da categoria bancária. Ano que vem, os brasileiros terão a responsabilidade de eleger os parlamentares do Congresso Nacional, governadores, deputados estaduais e presidente da República.

Jornal Bancário - Qual a sua avaliação sobre a Campanha Nacional dos Bancários 2017 e o acordo de dois anos assinado com a Fenaban?

Adriana Nalesso - A conjuntura política/econômica que se apresenta em 2017 é bastante complicada. Quando começamos a campanha, em março, era praticamente impossível imaginar o que poderia vir a realmente acontecer, e, infelizmente, o pior aconteceu. A Reforma Trabalhista e a Terceirização foram aprovadas, retirando direitos que foram duramente conquistados. Nesse cenário, o acordo de dois anos se mostrou altamente positivo. Com ele, conseguimos garantir as cláusulas da nossa Convenção Coletiva até 31 de agosto de 2018. Além disso, conquistamos aumento real, fato que poucas categorias alcançaram.

Bancário - Quais os principais impactos da Reforma Trabalhista sobre a categoria bancária e como avalia, a partir desta nova realidade, a importância da participação dos trabalhadores nas entidades sindicais?

Adriana Nalesso - A categoria pode ser impactada pela terceirização, pejotização e diversas formas de subcontratação que foram aprovadas. A participação das trabalhadoras e dos trabalhadores em seus sindicatos é fundamental para legitimar e fortalecer a luta. A existência dos sindicatos só tem sentido se for com e para a categoria. Essa participação é muito importante.

Bancário - Quais foram as ações e o que as entidades sindicais pretendem fazer após a aprovação da Reforma Trabalhista, que prevê o trabalho intermitente, negociação direta entre patrão e empregado e o fim do imposto sindical obrigatório, entre outros ataques aos direitos do trabalhador?

Adriana Nalesso - O nosso Sindicato entrou com medida judicial de Interrupção de Prescrição, para preservar os direitos dos bancários com base na antiga CLT. Também a Contraf está questionando a legitimidade de várias leis que ferem a Constituição Federal. Realizamos também coleta de assinaturas para entrar com Projeto de Lei de Iniciativa Popular para barrar as alterações da Reforma Trabalhista. É importante lembrar que nós temos uma Convenção Coletiva válida até 31 de agosto de 2018 em função do Acordo Coletivo de dois anos. Em 2018 continuamos na luta em defesa dos trabalhadores e com isso a sindicalização é muito importante. O Sindicato depende da categoria para a sua sobrevivência. Sem a contribuição, o trabalho fica mais difícil porque dependemos de recursos financeiros para desenvolver nossa luta.

Bancário - Acredita que o governo ainda consiga aprovar a Reforma da Previdência? A pressão popular é capaz de derrotas este projeto?

Adriana Nalesso - Estou bastante confiante na força dos trabalhadores e da população na luta contra a votação da Reforma da Previdência. A pressão que podemos fazer nos parlamentares também pode se mostrar eficiente se todos participarem, até porque 2018 é um ano eleitoral. Acredito que com isso o governo vá enfrentar dificuldades para a aprovação de mais um projeto absurdo contra os trabalhadores.

Bancário - Quais as suas expectativas para a questão política e econômica do país e para a categoria, em 2018?

Adriana Nalesso - Quem está à frente do governo são banqueiros como Henrique Meireles e Ilan Goldfajn. Minha expectativa é que a população brasileira acorde e eleja parlamentares comprometidos verdadeiramente com toda a sociedade e conheça as diferentes realidades do nosso país e que respeite os trabalhadores que movem o país com a força do seu trabalho.

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