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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente*
Imprensa SeebRio
A Coordenação da Comissão de Organização dos Empregados (COE), se reuniu com o Itaú nesta terça-feira (9/9), reivindicando a revisão das cerca de 1 mil demissões, ocorridas na segunda-feira. O fato teve repercussão nacional na imprensa, que sabe da posição confortável do banco, que é o maior em patrimônio no sistema financeiro, apresentando lucros bilionários.
Mesmo assim, o Itaú negou a reivindicação da COE, somente aceitando avaliar os casos de demissões de bancários e bancárias doentes. No último semestre, o Itaú obteve lucro superior a R$ 22,6 bilhões, com rentabilidade em alta. É o maior banco do país em ativos. Mesmo com esse resultado, segue extinguindo postos de trabalho: em 12 meses, o banco cortou 518 postos de trabalho, reduzindo o quadro de pessoal da holding a 85.775 empregados.
O Sindicato do Rio está fazendo um levantamento para saber do impacto das demissões aqui. E solicita aos bancários que entrem em contato caso tenham sido atingidos, ou tomado conhecimento de alguma dispensa.
Decisão tomada de surpresa e sem diálogo – Matéria publicada pela Contraf-CUT, informa que a maioria das dispensas ocorreu na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), no Centro Tecnológico (CT), CEIC e Faria Lima em regime híbrido ou integralmente remoto. “A justificativa do banco foi que esses empregados estavam sendo monitorados há mais de seis meses e foi detectada ‘baixa aderência ao home office’”, afirma o texto.
A coordenadora da COE, Valeska Pincovai, criticou as demissões impostas pelo Itaú. “As pessoas foram monitoradas por seis meses e o banco não deu nenhum alerta sobre a alegada baixa aderência. Não houve nenhuma possibilidade de se opor, ou de se defender”, observou. “Além não ter havido qualquer advertência prévia aos trabalhadores, também não houve qualquer diálogo com o sindicato, num claro desrespeito aos bancários e à sua representação sindical”, acrescentou.
“Fomos surpreendidos com essa demissão em massa. O banco afirma que os desligamentos se baseiam em registros de inatividade nas máquinas corporativas, em alguns casos, períodos de quatro horas ou mais de suposta ociosidade. No entanto, consideramos esse critério extremamente questionável, já que não leva em conta a complexidade do trabalho bancário remoto, possíveis falhas técnicas, contextos de saúde, sobrecarga, ou mesmo a própria organização do trabalho pelas equipes”, criticou o diretor do Seeb-SP e bancário do Itaú, Maikon Azzi.
Sem transparência – “As reuniões são monitoradas por assuntos, tema, participantes, as metas são controladas constantemente, produtividade e a geolocalização de todos é controlada pelo ponto eletrônico. Os trabalhadores estão tendo sua privacidade invadida a todo momento. O assédio passou a ser digital”, ressaltou Valeska. “Precisamos regulamentar a utilização da IA no controle das atividades dos bancários para evitar que a situação da saúde mental da categoria, que já está em estado crítico, se agrave ainda mais”, completou.
“Solicitamos negociação sobre o Acordo de Teletrabalho e que haja transparência das medidas que são tomadas pelo banco, para que as pessoas tenham ciência de todo o monitoramento”, disse Valeska, acrescentando que o acordo vence em dezembro e as negociações já vão começar.
Reposição – “Não se justifica o Itaú demitir mais de 1.000 pessoas com o lucro que teve no último período, e de uma forma tão injusta como foi feito. Estamos defendendo o emprego desse pessoal, mas de qualquer forma, exigimos mais contratações e, caso não haja a reintegração, que estas vagas sejam repostas, pois já há sobrecarga de trabalho, que contribui para o drástico adoecimento mental da categoria. Muito acima do que é registrado no total da classe trabalhadora”, disse Valeska.
Nos anos de 2023 e 2024, 57,1% das licenças por acidente de trabalho concedidas a bancários foram causadas por transtornos mentais e comportamentais.
*Com informações da Contraf-CUT baseada em texto do Seeb-SP.