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A Marcha das Margaridas 2019 vai tomar as ruas de Brasília, nesta terça-feira (13). A 6ª edição do tradicional evento que reúne mulheres de todo o país para protestar em defesa da democracia e dos direitos terá como lema a Luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência.

Coordenada pela Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), suas 27 Federações e mais de 4 mil Sindicatos filiados, a Marcha das Margaridas se constrói em parceria com os movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) é parceira da Marcha, pois entende a sua importância para a organização das mulheres do campo, da floresta e das águas, e compartilha dos mesmos ideais de igualdade e liberdade.

De acordo com a secretária da Mulher, Elaine Cutis, a Marcha realiza, há quase vinte anos, uma efetiva ação de luta das mulheres contra a exploração, a dominação e todas as formas de violência e em favor de igualdade, autonomia e liberdade. “Neste ano, temos como objetivo denunciar e protestar contra as condições de vida no campo, a pobreza, a desigualdade econômica e social, a violência, o racismo, a homofobia e a exclusão das mulheres das políticas públicas. Além de lutar contra o avanço da agenda antidemocrática, conservadora e privatista”, afirmou.

Durante todo o ano, as trabalhadoras se preparam para o evento e realizam diversas atividades que combinam a mobilização de recursos financeiros e a mobilização política, envolvendo atividades formativas, debates e a construção descentralizada da plataforma e pautas de reivindicação.

“A Marcha nos retira da invisibilidade e potencializa a retomada das políticas públicas voltadas a sua autonomia política e econômica, por isso, convocamos todas as trabalhadoras, mulheres de movimentos sociais, sindical, feministas, estudantes e militantes de São Paulo para construir uma grande caravana para irmos à Brasília e, juntas, lutarmos contra a opressão e exigir justiça”, convocou Elaine Cutis.

Segunda, 12 Agosto 2019 17:33

Santander autuado pela Polícia Federal

Após denúncia do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, ao menos 18 agências do Santander foram autuadas pela Polícia Federal por não estarem com os planos de segurança atualizados. O banco espanhol retirou as portas giratórias dessas e de outras unidades em São Paulo e em outros locais do país sem antes notificar a PF e sem aprovação prévia do órgão.

A fiscalização dos itens de segurança das agências bancárias é atribuição da Polícia Federal. Para qualquer alteração, inclusão ou exclusão desses dispositivos, deve ser feito um aviso prévio à PF, que fará vistoria no local e, a partir da aprovação da mesma, o plano de segurança será atualizado.

“Em que pese o banco afirmar categoricamente que vem investindo em tecnologias de segurança nessas agências, e que estava em dia com a regulamentação da PF, os trabalhadores têm reivindicado o retorno das portas de segurança. Em pelo menos duas mesas de negociação, porém, o banco se nega a atender essa reivindicação e afirma que as novas tecnologias são eficientes”, disse a dirigente sindical e bancária do Santander Lucimara Malaquias.

“O sindicato segue reivindicando a reinstalação das portas de segurança, principalmente nas unidades situadas em locais da cidade que oferecem mais riscos. As agências que já estão atendendo sem portas permanecerão sendo monitoradas pelo sindicato, e no caso de alguma ocorrência, os bancários devem nos acionar imediatamente”, orientou a dirigente.

As denúncias podem ser feitas pelo canal específico, pelo 3188-5200 ou enviando WhatsApp para o número (11) 97593-7749. O sigilo do denunciante é absoluto.

O banco se comprometeu, na última negociação ocorrida no dia primeiro de agosto, a atualizar bancários e vigilantes sobre os novos dispositivos de segurança. “Vamos acompanhar e cobrar esse comprometimento”, afirmou Lucimara.

Fonte: SPBancários

O lucro somado dos quatro maiores bancos de capital aberto do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, e Santander) no primeiro semestre de 2019 chegou a R$ 42,9 bilhões, com crescimento médio de 20,4% em doze meses e rentabilidade variando entre 17,4%, no Banco do Brasil (BB) e 23,6% no Itaú Unibanco. No caso do Santander, a unidade brasileira foi responsável por 29% do resultado global do banco.

Os principais motivos da alta dos lucros dos bancos no 1º trimestre do ano, segundo análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) são o crescimento das carteiras de crédito e das receitas com essas operações (exceto no Banco do Brasil); a alta no resultado com seguros (Bradesco); a redução das despesas com captação no mercado (exceto BB); a redução das despesas com Provisão para Débitos Duvidosos – PDD (Santander e BB); o controle das despesas com pessoal; o crescimento das receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias; a redução com despesa de operações de empréstimos, cessões e repasses (BB); e a utilização de créditos tributários (BB).

A verdade é que, como observa um texto publicado no site Reconta Aí, “faça chuva ou faça sol, os bancos não param de lucrar”.

Ativos trilionários

Os ativos somados destes quatro bancos somam R$ 5,4 trilhões, com alta média de 8,7% em relação a junho de 2018. A carteira de crédito total dos três bancos juntos atingiu R$ 2,3 trilhões, com alta de 4,7% no período. Somente a carteira do BB apresentou queda (-0,4%).

No segmento de Pessoa Física, os itens com as maiores altas são empréstimos consignados / crédito pessoal, cartão de crédito e veículos.

Para Pessoa Jurídica, o segmento de micro, pequenas e médias empresas, apresentou variações mais expressivas do que o de grandes empresas.

Com o crescimento das carteiras de crédito dos bancos, as despesas com devedores duvidosos (PDD) tendem a crescer, mas, elas apresentaram queda no Santander (-2,0%) e no BB (-11,6%). No Bradesco, essas despesas tiveram alta em maior proporção do que o crescimento da respectiva carteira (18,5%, enquanto a carteira cresceu 8,7%).

Nas costas dos clientes e dos bancários

Os bancos seguem ganhando com a prestação de serviços e a cobrança de tarifas. No 1º semestre de 2019, um total de R$ 55,8 bilhões saíram dos bolsos dos clientes e foram parar nas contas dos bancos. Em média 5,3% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

Essa receita secundária cobre com folga as despesas de pessoal dessas instituições, incluindo-se, nessa conta, o pagamento da Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR). A cobertura das despesas de pessoal mais PLR por essa receita secundária dos bancos variou entre 115% (no BB) e 198,3% (no Santander – cobrindo quase duas folhas de pagamento). No Itaú, a cobertura foi de 161,0%.

Com relação aos postos de trabalho nos bancos o saldo foi negativo no Itaú e no BB. Nos dois bancos foram fechados 983 e 1.507 postos, respectivamente, em doze meses. No caso do Itaú, o banco aponta que esse saldo negativo se deve ao fechamento de agências no período.

No Santander, foram abertos 904 novos postos de trabalho, enquanto no Bradesco, o saldo foi 1.515 novos postos abertos para atender a ampliação da área de negócios do banco.

Digitalização das agências

Quanto à rede de agências, Santander abriu 40 novas agências em doze meses. No Itaú, por sua vez, foram fechadas 199 agências físicas no mesmo período (195 apenas no segundo trimestre) e abertas 36 agências digitais, as quais já somam 196 unidades. Bradesco e Banco do Brasil fecharam, respectivamente, 119 e 48 unidades, em um ano. O BB já conta com 162 escritórios (agências) digitais, 9 deles foram abertos de junho de 2018 a junho de 2019.

As apostas e os investimentos dos bancos seguem no sentido da priorização pelo atendimento digital. Agências digitais, agências-café (com outros espaços e serviços no mesmo ambiente do atendimento bancário – o que traz grandes preocupações quanto a segurança desses ambientes; além da condição de trabalho/saúde desses bancários), aplicativos para smartphones, inteligência artificial, entre outros.

Fonte: Contraf-CUT, com informações do Dieese

Os empregados da Caixa realizam na próxima quarta-feira (14) o lançamento da campanha “Saúde Caixa para Todos”. A data foi definida durante o último Congresso Nacional dos empregados da Caixa (Conecef), realizado no início de agosto. “Vamos reforçar a importância da mobilização contra o CGPAR 23, que destrói nossos planos de saúde, mas também reforçando a inclusão dos novos empregados, em especial as pessoas com deficiência. A Caixa é o que é graças aos empregados. Mobilizados nós avançamos”, afirmou Fabiana Uehara, coordenadora do GT Saúde Caixa, secretária da Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e representante da confederação nas negociações com o banco.

O governo Bolsonaro tem propagandeado que a Caixa seria o “banco da inclusão” por conta da convocação de duas mil pessoas com deficiência, decisão só tomada após a judicialização do evidente desrespeito pela Caixa da lei de cotas para PCDs, mas na prática o banco descrimina os trabalhadores.

O banco interpôs recurso contra a decisão do TRT da 10ª Região, que condenou a Caixa a cumprir, imediatamente, a cota legal de contratação de pessoas com deficiência (PCD), como prevê a Lei 8.213/91. Em análise do recurso, a presidente do TRT10 sobrestou o processamento do recurso da Caixa. Ou seja, o processo aguardará julgamento do STF sobre a competência para processar e julgar demandas quanto a concursos e admissão de novos empregados em empresa pública. Apenas quando o STF decidir se a Justiça do Trabalho é competente para apreciar esse tipo de matéria, a ação civil pública (ACP) retornará ao seu curso.

“Dados da própria Caixa mostram que o índice de trabalhadores com deficiência é de apenas 1,42%, menos de 1/3 do exigido pela legislação [5%]. A convocação desses trabalhadores, aprovados no concurso de 2014, é fruto de ação judicial impetrada pela Contraf-CUT, que conta com o Sindicato como assistente. Agora, mesmo alardeando essas contratações como política de inclusão do governo, a Caixa apresentou recurso, escancarando a hipocrisia da sua direção e do próprio governo”, critica o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.

Além de utilizar a contratação de pessoas com deficiência para manipular a opinião pública em favor do governo, a direção da Caixa está discriminando os trabalhadores convocados. De acordo com denúncias recebidas pelo Sindicato, o banco tem informado aos PCDs que a contração deles não dá direito ao plano de saúde da instituição, o Saúde Caixa.

“É um completo absurdo! É discriminação escancarada contra os trabalhadores com deficiência. Inclusive, soubemos de convocados que desistiram da posse ao serem informados que não terão direito ao plano de saúde. Essa atitude desrespeita o Acordo Coletivo de Trabalho dos empregados, que garantiu após difícil negociação, amparada na luta dos bancários, o Saúde Caixa para todos”, enfatiza Dionísio.

Cobrança

Na última sexta-feira (9), a CEE cobrou da direção da Caixa uma resposta ao ofício enviado em março, que requereu o cumprimento do parágrafo oitavo da cláusula 32 do ACT, com a apresentação de relatório atuarial e balancetes mensais do exercício de 2017. O documento cobrou também dados e documentos para possibilitar uma melhor análise do Saúde Caixa e, por consequência, viabilizar a boa-fé da negociação coletiva, com base no princípio da transparência.

Esta sexta-feira (9/8) será um Dia Nacional de Luta Contra o Desmonte do Banco do Brasil e em defesa do papel social das instituições públicas para impedir o projeto de privatizações do governo Bolsonaro (PSL) cuja tendência é atingir todas as estatais e setores do serviço público, como a saúde e a Previdência Social. Haverá atos nas principais cidades e em Brasília. No Rio de Janeiro os funcionários vestirão roupa preta ou usarão fita desta cor.

A mobilização nacional foi aprovada no 30º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB), dias 1º e 2 de agosto, em São Paulo. O desmonte vem sendo chamado pela diretoria do BB de ‘plano de reorganização’. Prevê a redução de 2.300 postos de trabalho, o rebaixamento de 333 agências para postos de atendimento (PA) e de 49 postos em agência, além da criação de 42 agências empresariais.

Lucro mostra que desmonte não é necessário

Mas não há motivos para se falar em desmonte, a não ser a preparação da privatização. Uma prova disto foi o anúncio do lucro do BB: de R$ 8,679 bilhões no primeiro semestre de 2019, crescimento de 38,5% quando comparado com o mesmo período do ano passado.

Apesar dos seguidos resultados expressivos, nos últimos doze meses, o BB reduziu 1.507 postos de trabalho, e chegou a 96.168 funcionários. Apenas nos últimos 3 meses reduziu 399 postos de trabalho. Além da redução de vagas, de junho de 2018 a junho de 2019 houve uma diminuição do número de agências. São 48 unidades a menos no período.

Redução do papel social

O rebaixamento de agências em PA terá entre outros impactos negativos, a extinção de 333 cargos de gerente-geral. Além, disto, 634 agências cairão de nível, reduzindo a remuneração do gerente-geral e a PLR dos demais funcionários.

O enxugamento da estrutura do BB será mais grave nas áreas meio, com a transferência de todos os escriturários para a rede de agências. Outra mudança de impacto negativo é a transformação da Gerência de Comércio Exterior em Escritório, gerando redução de pessoal. O banco anunciou, ainda, um plano de incentivo à demissão, apelidado de Plano de Adequação de Quadros (PAQ), com foco nos chamados “excedentes|” das dependências.

Ao mesmo tempo, vêm se multiplicando o número de agências digitais. Somada à redução em massa dos postos de trabalho, estas medidas irão restringir a função do BB de banco público, a sua atuação em diversos setores da economia, ajudando apenas no aumento da recessão aprofundada pela política econômica do governo Bolsonaro. A população perde com a queda da qualidade do atendimento e com a redução da atuação do BB como financiador do desenvolvimento do país. Perdem também os funcionários, com extinção de cargos, postos de trabalho e com o arrocho salarial.

 

 

O Banco do Brasil anunciou mais um Plano de Adequação de Quadros (PAQ) que afetará funções, agências e departamentos. Também está sendo preparado um novo plano de desligamento incentivado. Os funcionários, porém, têm poucas informações sobre o processo.

Diante da falta de informações, bancários de todo o Brasil realizam na sexta-feira (9) um Dia Nacional de Luta em Defesa do Banco do Brasil.

Rede de agências mais impactadas

Em reunião realizada no dia 29 de julho, o banco informou que 710 agências serão impactadas em todo o país. Dessas, 634 diminuirão de nível (o banco classifica as agências em quatro níveis: A, B, C e D). Ou seja, perderão funcionários e o gerente terá redução de salário. As 76 restantes aumentarão de nível.

Isso significa que a quantidade das agências que aumentarão de nível não suprirá a de unidades que tiverem redução de nível e, consequente, diminuição do número de funcionários e de salário dos gerentes.

Revisão de postos de trabalho

O número de dotações será aumentado em 1.505 agências e reduzido em 1.765 unidades. Novamente a conta não vai fechar.

Sem detalhar, o banco informou que a Plataforma de Suporte Operacional (PSO) sofrerá redimensionamento, o que já está afetando a rede de caixas. O movimento sindical cobra esclarecimentos.

As Gerências Regionais de Apoio ao Comércio Exterior (Gecex) também passarão por alterações, com a criação de unidades de negócios especializados, escritórios de comércio exterior digital e redimensionamento. Ou seja, a rede abrirá vagas de assistentes, mas perderá uma série de funcionários, principalmente escriturários.

O banco disponibilizou o número 0800-7295-299 para que os funcionários tirem suas dúvidas a respeito do PAQ.

Esse novo PAQ irá reclassificar agências, retirar funções e colocar uma série de problemas tendo em vista no horizonte a ampliação da digitalização e o desmonte da função social do banco. Cobramos da direção mais transparência sobre os impactos aos funcionários das áreas envolvidas no plano de adequação de quadros e também a abertura de novos concursos a fim de reparar a redução das vagas causada por mais essa reestruturação.

Fonte: SPBancários, com edições da Contraf-CUT

As Secretarias de Combate ao Racismo, Mulheres e Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) lançaram, em conjunto, a Campanha de Valorização da Diversidade na 21ªConferência Nacional dos Bancários, realizada nos dias 2,3 e 4 de agosto. A campanha é fruto do acordo na mesa de negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

Novo Censo

Ainda este ano será realizado o 3º Censo da Diversidade. O secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, fala da importância da campanha na busca por uma sociedade mais democrática e igualitária.

“Um ponto fundamental nesta campanha é a criação da figura do agente da diversidade nos locais de trabalho, que tem o objetivo de promover o respeito a diversidade e a cultura de paz. Precisamos garantir um ambiente mais saudável, democrático e pacífico, combatendo qualquer forma de discriminação contra as mulheres, negros, LGBTs, imigrantes, jovens, idosos e pessoas com deficiência. É fundamental também, defendermos a igualdade salarial entre homens, mulheres, brancos e negros, e resolver conflitos na base do respeito e do diálogo”, disse Almir. O sindicalista lembra que todos os bancários e bancárias são agentes da diversidade e que as transformações sociais dependem da participação de cada indivíduo.

A reforma da Previdência aprovada na madrugada deste dia 7 em segundo turno na Câmara dos Deputados, seguindo para o Senado, é perversa: diminuirá drasticamente os valores das aposentadorias e pensões e ampliará as barreiras para se aposentar. Além disso, agravará a concentração de renda no país, provocando queda da própria arrecadação previdenciária, com impacto negativo sobre a Previdência Social.

A análise é do economista Ahemar Mineiro, ex-técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em entrevista*. Classificou como falso o discurso de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e Paulo Guedes, banqueiro e ministro da Economia, de que a política econômica busca o equilíbrio fiscal e a criação de empregos. Alerta que, ao contrário, a política contracionista de Guedes aprofunda a recessão fazendo cair a arrecadação, aumentando, com isto, o desequilíbrio fiscal e o desemprego. “Guedes usa este desequilíbrio crescente para justificar mais cortes em setores sociais (saúde, educação, habitação, cultura) e a entrega do patrimônio público e riquezas naturais, como o petróleo”, avalia. Frisou que a recessão coloca os trabalhadores na defensiva, facilitando a imposição das reformas, com mais perdas de direitos, e mais lucros para os ricos.

Que efeitos a reforma da Previdência deve ter para o trabalhador e para o país?

Efeitos perversos. Menos renda para os aposentados, mais dificuldades para aposentar, agravamento da concentração de renda no país pela perda de renda dos aposentados mais pobres, mais precarização, e queda da própria arrecadação previdenciária pelo desalento dos trabalhadores mais jovens com a Previdência futura. Esse governo deixará um enorme passivo social e sistêmico que caberá a futuros governos consertarem nessa área, com um aumento de custos para resolver o problema no futuro – ou seja, também deixarão um enorme passivo econômico e financeiro, como pode ser visto em países vizinhos que reformaram o sistema previdenciário, como o Chile (anos 1970) e Argentina (anos 1990). Ou seja, o trabalhador perde agora e nos anos que se seguem, e o país perde no futuro.

Como o senhor analisa a política econômica de Paulo Guedes e seus efeitos para o país?

O ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, ampliou radicalmente a política contracionista levada adiante por seus antecessores, Joaquim Levy ministro da Fazenda do governo Dilma) e Henrique Meirelles (ministro da Fazenda do governo Temer), com ênfase no ajuste fiscal e corte de gastos. Os efeitos são forte desequilíbrio das contas públicas (pela queda da arrecadação) e, como esperado de uma política contracionista, contração econômica – estagnação ou recessão da economia, sem crescimento, e alto desemprego e queda da renda. Ou seja, uma tragédia do ponto de vista dos trabalhadores.

Certamente o ministro Guedes sabe o que está fazendo, ao jogar o Brasil na recessão. O aumento do desemprego e a estagnação econômica trazem desgaste político. Então, qual o objetivo por trás das medidas recessivas que vêm sendo tomadas? Ou por outra, que projeto de país o governo Bolsonaro pretende implantar?

O objetivo declarado é tentar ajustar a economia. Só que a política contracionista acaba desajustando mais ainda as contas públicas, por uma queda forte na arrecadação de impostos, em função da queda do nível de produção e atividade econômica, ou seja, não há ajuste de fato, só cortes e mais cortes (e, pela lógica da política econômica, seguem-se novos cortes de gastos e contingenciamentos). De outro lado, a política recessiva coloca os trabalhadores, premidos pela queda da renda e o desemprego, em uma situação de defensiva política, reduzindo a resistência ao programa de reformas do governo (que começa pela reforma da Previdência). Além disso, o desajuste fiscal provocado pela própria política recessiva serve para o governo e os gestores da área econômica (com o Ministro da Economia à frente) justificar a sua política de venda do patrimônio público como alternativa para o equilíbrio fiscal que não conseguem obter com o corte de gastos. Assim, a venda de patrimônio (empresas, participações acionárias, patrimônio imobiliário etc) é o outro lado da política econômica. E esse outro lado tem relação com o projeto de país que ao menos o ministro Paulo Guedes quer implantar – já que não sei se de fato o presidente Bolsonaro tem algum projeto de país que queira implantar. Seus discursos são apenas de destruição.

Quais as principais consequências da privatização das estatais, pretendida pelo governo Bolsonaro?

Uma desestruturação ainda maior do parque produtivo brasileiro. A privatização somada à redução do papel do setor financeiro público compromete o processo de industrialização nacional iniciado nos anos 40 e 50 do século passado, e que já vinha cambaleante ou andando para trás desde os anos 1990. Ou seja, a desindustrialização no país deve se aprofundar. Não é à toa que voltamos a ver teóricos do século passado, que criticavam o nacional-desenvolvimentismo e o processo de substituição de importações e a montagem do parque industrial brasileiro, defendendo o aprofundamento do modelo primário-exportador que predominou no país desde a independência, como Eugênio Gudin, voltando a ser citados por alguns colunistas defensores da estratégia do atual governo nos jornais, retrocedendo um debate de mais de 50 anos no país.

Qualquer país para se desenvolver investiu pesado na educação. O que pretendem Guedes e Bolsonaro ao fazerem justamente o contrário: cortes pesados no setor? E quais as consequências desta decisão?

A política do atual governo para a educação não tem nenhuma relação com alguma estratégia de desenvolvimento nacional. Talvez apenas se possa pensar que o desinteresse no desenvolvimento da educação possa ter relação com o fato de que o modelo primário-exportador baseado na exportação de commodities agrícolas, minerais e energéticas prescinde de uma sociedade com um grau de educação avançado. Mas talvez isso seja muito sofisticado para o atual governo. O desmonte da educação pública pelo governo atual parece ter mais relação com a abertura de espaço de negócios para as empresas privadas de educação – educação, desse ponto de vista, não é estratégica, é um negócio.

O que se pode esperar como impacto para a área social (hospitais, escolas, universidades, cultura, habitação, saneamento) como consequência da emenda constitucional 95 de Michel Temer aprovada pelo Congresso Nacional e que congelou o Orçamento da União por 20 anos e que o governo atual está cumprindo à risca?

Sinceramente, acho que essa emenda aprovada não resiste mais muito tempo, tal o grau de desarticulação do setor social público que tem tido como consequência. Se seguir, seguirá o desmonte do setor social público, com enormes impactos sobre uma sociedade cada vez mais empobrecida pela política econômica adotada desde 2015, e aprofundada no atual governo. E a abertura de algum pouco espaço para o investimento privado nessas áreas sociais – ou seja, a transformação de direitos garantidos pela Constituição em áreas de negócio, onde os tais “direitos” são comprados e vendidos. Evidentemente que em um país onde a maioria da população é muito pobre, isso significa um país com direitos para poucos, e a maior parte da população excluída.

Como o senhor avalia o governo federal lançar mão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), através da autorização de saques mensais, com a proibição do saque integral do saldo quando da demissão e dos 40% de multa?

A proposta do governo, uma emenda keynesiana a um arranjo geral liberal, e que tenta dar a um paciente na UTI (a economia brasileira) algum sinal de vida (alguma demanda por consumo) dificilmente terá algum resultado significativo do ponto de vista da ativação da economia, dados os baixos valores, o alto grau de endividamento da população, e o fato de que boa parte dos recursos do FGTS dos mais pobres, que poderiam ir diretamente para gastos, já foi sacado pelo desemprego da economia e pela rotatividade do mercado de trabalho. Além do mais, periga desarrumar o setor de construção civil (a contrapartida da substituição do antigo mecanismo da estabilidade no emprego pelo FGTS, pelos governos militares na segunda metade dos anos 1960, foi a criação de mais um mecanismo de alavancagem do Sistema Financeiro da Habitação e da compra da casa própria), um setor altamente empregador de mão-de-obra. Ou seja, do ponto de vista da atividade econômica, existe a possibilidade do tiro sair pela culatra.

O posicionamento político do governo brasileiro, principalmente em relação aos Estados Unidos e à Israel, tem gerado embaraços internacionais graves. O que esta conduta pode trazer como consequência para o Brasil?

Já está trazendo um enorme estorvo à diplomacia brasileira e ao respeito que constituiu em muitos anos de trabalho profissional sério e árduo, obrigando a um posicionamento conjunto com países considerados de posicionamento complicado no cenário internacional em temas de gênero, costumes e cultura, como Arábia Saudita, Irã, Israel (em alguns temas) e outros (como os EUA, recentemente), em geral caracterizados por governos fundamentalistas religiosos e políticos. Mas começa também a ter custos econômicos, na medida em que o alinhamento aos EUA e a proximidade com Israel gera possível perda de mercados junto à China e a países muçulmanos, como temos visto recentemente no episódio do alinhamento às sanções dos EUA em relação ao Irã e à perda de exportações de milho. Temos que ver até onde isso vai, mas especialmente em relação à China, existe uma enorme possibilidade de perda de mercados para uma série de produtos de exportação (commodities agrícolas, minerais e energéticas) sem a contrapartida de novos mercados nos EUA, já que em boa parte dos produtos (em especial os agrícolas) os EUA são nossos competidores. Além disso, os chineses também são grandes investidores no Brasil, e seus mecanismos de financiamento são pujantes – ou seja, podemos também ter enorme perda de investimentos e recursos financeiros. Mas, como dito antes, temos que ver até onde isso vai.

*Originalmente publicada no site do Sindsprev/RJ

 

Os advogados de defesa do ex-presidente Lula enviaram no início da tarde desta quarta-feira (7) uma petição ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de liminar para que coloque o petista em liberdade e suspenda a transferência dele de Curitiba para São Paulo.

Caso ocorra a transferência, pedem que seja assegurado o direito de Lula permanecer em Sala de Estado Maior. O pedido da defesa foi feito no âmbito de uma ação de habeas corpus que corre no Supremo sob a responsabilidade de Gilmar Mendes.

A petição foi encaminhada em caráter de urgência depois que a juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal do Paraná colocou a vida de Lula em risco ao autorizar sua transferência da Sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde é mantido preso político desde abril do ano passado, para São Paulo, deixando em aberto o local para onde o ex-presidente seria encaminhado. Ela também ignorou pedidos da defesa do ex-presidente para segurar a decisão sobre a transferência até a Segunda Turma do STF julgar o habeas corpus que pede a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro e, consequentemente, a liberdade de Lula.

Minutos depois da decisão de Lebbos, o juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci, da Justiça estadual de São Paulo, indicado por Moro para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, decidiu que o ex-presidente vai ser transferido para o presídio de Tremembé, no interior paulista.

Os advogados de Lula recorreram ao STF contra a transferência de Lula. Eles  afirmam que a decisão não atende a nenhum pedido da defesa. Pelo contrário, desconsidera todos os argumentos dos advogados.

A petição foi encaminhada ao ministro Gilmar Mendes do STF por volta das 14h desta quarta- feira (7), em caráter de urgência.  Nela, os advogados lembram que os vazamentos das conversas nada republicanas entre Moro e procuradores do Ministério Público do Paraná, que vêm sendo publicados pelo The Intercept Brasil, Folha, Uol, Veja e El País demonstram que os fundamentos da prisão de Lula são inidôneos. Eles também estranham o fato da decisão do Juízo da 12ª Vara Federal de Curitiba atender a um pedido da Polícia Federal no momento em que as práticas dos procuradores da ‘Operação Lava Jato’ vêm sendo colocadas em xeque.

No texto da petição, o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, diz:  “No momento em que novas e graves revelações sobre a conduta de agentes envolvidos na Operação Lava Jato (fato público e notório) estão sendo trazidas a público por diversos veículos de imprensa em parceria com o portal The Intercept, reforçando o direito deduzido nestes autos, estranhamente o pedido de transferência — protocolado há mais de 1 mês (04/07/2019) — foi apreciado pelo Juízo da 12ª Vara Federal de Curitiba/PR. A decisão proferida nesta data negou os pleitos defensivos e determinou a transferência do Paciente a estabelecimento prisional”.

Leia aqui a petição dos advogados do ex-presidente Lula.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 06/2019, nome oficial da reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PSL), aprovada nesta quarta-feira (7) em segundo turno pela Câmara dos Deputados manteve no texto-base vários pontos que prejudicam os trabalhadores e trabalhadoras e até as viúvas e órfãos.

Terminou o prazo para apresentação de destaques e os deputados não apresentaram proposta de exclusão para alterações como a redução do valor da pensão por morte no caso da viúva ou órfão ter mais de um benefício e alíquotas escalonadas da contribuição do segurado do INSS e do servidor público, seja ele da ativa, aposentado ou pensionista.

Confira o que está no texto que seguirá para duas votações no Senado:

- regras sobre acúmulo de pensões por morte. 

- regras de transição por pontos (idade + tempo de contribuição), de “pedágio” de 50% do tempo que faltar para se aposentar na data de publicação da reforma (INSS), de idade (INSS) e de tempo de contribuição (INSS);

- regras para detentores de mandato eletivo;

- todos os artigos que desconstitucionalizam regras sobre Previdência Social, remetendo novas alterações a leis;

- regras sobre fundo complementar de servidores públicos;

- regras de transição sobre policiais, agentes penitenciários e socioeducativos federais;

- cobrança de Previdência sobre indenização recebida por anistiados políticos;

- volta da alíquota de 20% da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os bancos. Essa alíquota estava vigente até dezembro de 2018, quando passou a ser de 15%; e,

- alíquotas escalonadas da contribuição do segurado do INSS e do servidor público (ativo, aposentado e pensionista).