EXPEDIENTE DO SITE
Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente
Imprensa SeebRio
Implantado pelo banco público a partir do segundo semestre de 2025, o programa de remuneração variável, Super Caixa, segue sendo criticado pelas entidades de representação dos empregados. O modelo, criado unilateralmente e apresentado como “prêmio por liberalidade”, alterou regras de habilitação, cálculo e distribuição da premiação, ampliou exigências e, na prática, tornou mais difícil o acesso ao benefício, principalmente para quem atua diretamente nas agências.
Desde sua divulgação, a Contraf-CUT, por meio da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, federações e sindicatos vem denunciando o programa por aumentar a pressão sobre as equipes, basear-se em indicadores complexos, penalizar unidades inteiras e impactar diretamente a renda de trabalhadoras e trabalhadores, sem que tenha havido qualquer negociação coletiva prévia.
O modelo reforça a cobrança por metas, carece de previsibilidade e não reflete de forma fiel a realidade das agências, especialmente diante do quadro reduzido de pessoal e do aumento constante de demandas geradas por programas sociais e políticas públicas operadas pela Caixa.
O diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e integrante da Comissão Executiva dos Empregados, Rogério Campanate, falou sobre o assunto. "Tivemos que ouvir dos representantes da Caixa em mesa de negociação que ‘sem resultado não tem que haver premiação’. Respondemos o óbvio: sem remuneração não tem que haver trabalho. Se a venda foi realizada, o empregado deve ser remunerado por ela".
Cavalo de Troia
Entre os pontos mais criticados, destacam-se:
Super fora da realidade – Para o coordenador da CEE/Caixa, Felipe Pacheco, o programa reforça desigualdades e não considera as condições reais da rede de atendimento. “O Super Caixa não reconhece a realidade de quem trabalha na ponta. É inadmissível que um programa que impacta a renda de milhares de empregados seja construído sem negociação, com regras que penalizam quem já sofre com sobrecarga e falta de pessoal. Esse modelo precisa ser revisto para garantir justiça e transparência”.
Felipe reforça que a CEE continuará cobrando mudanças e que a Caixa deve respeitar o diálogo com as entidades. “A Caixa não pode tratar remuneração como liberalidade unilateral. A mesa de negociação existe para proteger direitos e construir soluções. O banco precisa ouvir suas empregadas e empregados”.
Programa abre portas para o assédio e o adoecimento – O diretor da Contraf-CUT, Rafael de Castro, alerta para os impactos do programa na saúde mental das equipes. “O Super Caixa intensifica a pressão por metas, expõe trabalhadores a comparações constantes e amplia o risco de adoecimento. Não podemos aceitar que a Caixa use indicadores punitivos e pouco claros para determinar quem será ou não premiado. Isso não é valorização, é adoecimento institucionalizado.”
Rafael destaca que os indicadores de habilitação, como o Resultado.Caixa, Negócios Sustentáveis e satisfação de clientes, não refletem apenas esforço, mas também fatores estruturais. “O empregado não pode ser responsabilizado por questões que extrapolam seu trabalho individual. Isso é injusto e desrespeitoso.”
O movimento sindical reforça que o reconhecimento às pessoas que constroem diariamente a Caixa não pode se dar por meio de programas que ampliam desigualdades, geram insegurança e ignoram a realidade enfrentada por quem atende milhões de brasileiros em todo o país.
A Contraf-CUT continuará acompanhando e denunciando os problemas do Super Caixa, ao lado das federações, sindicatos e entidades representativas dos empregados, e exigindo que o banco revise imediatamente o programa para garantir justiça, valorização e respeito ao trabalho da categoria.
Falta de transparência – A representante da Fetec-CUT/SP na CEE, Luiza Hansen, enfatiza que o programa falha em dois pilares básicos de qualquer ferramenta de reconhecimento: clareza e objetividade. “Transparência e simplicidade são fundamentais. Hoje, o Super Caixa tem regras difíceis de interpretar, cálculos pouco claros e premissas que mudam de acordo com o desempenho de toda a unidade. Isso afeta a previsibilidade da remuneração e prejudica a organização de vida das trabalhadoras e trabalhadores”.
Luiza também aponta que não basta a Caixa afirmar que “analisará sugestões”. “As entidades apresentaram diversos pleitos e nenhum foi atendido até agora. A Caixa precisa não apenas ouvir, mas implementar mudanças reais. O programa só será justo se refletir o cotidiano de quem atende a população todos os dias.”
Cobrar mudanças – Diante das inconsistências e dos impactos negativos do modelo, a Contraf-CUT, por meio da CEE/Caixa, segue cobrando negociação efetiva das regras; simpllificação dos critérios; transparência nos indicadores; poteção à saúde mental; previsibilidade na remuneração; e respeito às condições de trabalho da categoria.