Sexta, 12 Dezembro 2025 17:13

Empregados criticam Super Caixa, um ‘programa de premiação’

Super Caixa parece um Cavalo de Troia, presente dos gregos aos troianos. Super Caixa parece um Cavalo de Troia, presente dos gregos aos troianos.

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Implantado pelo banco público a partir do segundo semestre de 2025, o programa de remuneração variável, Super Caixa, segue sendo criticado pelas entidades de representação dos empregados. O modelo, criado unilateralmente e apresentado como “prêmio por liberalidade”, alterou regras de habilitação, cálculo e distribuição da premiação, ampliou exigências e, na prática, tornou mais difícil o acesso ao benefício, principalmente para quem atua diretamente nas agências.

Desde sua divulgação, a Contraf-CUT, por meio da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, federações e sindicatos vem denunciando o programa por aumentar a pressão sobre as equipes, basear-se em indicadores complexos, penalizar unidades inteiras e impactar diretamente a renda de trabalhadoras e trabalhadores, sem que tenha havido qualquer negociação coletiva prévia.

O modelo reforça a cobrança por metas, carece de previsibilidade e não reflete de forma fiel a realidade das agências, especialmente diante do quadro reduzido de pessoal e do aumento constante de demandas geradas por programas sociais e políticas públicas operadas pela Caixa.

O diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e integrante da Comissão Executiva dos Empregados, Rogério Campanate, falou sobre o assunto. "Tivemos que ouvir dos representantes da Caixa em mesa de negociação que ‘sem resultado não tem que haver premiação’. Respondemos o óbvio: sem remuneração não tem que haver trabalho. Se a venda foi realizada, o empregado deve ser remunerado por ela".

Cavalo de Troia

Entre os pontos mais criticados, destacam-se:

  •  Exigências elevadas de habilitação, baseadas em resultados de unidade que não dependem exclusivamente do esforço individual;

  •  Indicadores complexos e pouco transparentes, dificultando o entendimento do cálculo;
  •  Penalizações por desempenho de terceiros, o que desestimula o trabalho coletivo e gera conflito interno;
  •  Pressão permanente por metas, ampliando o risco de adoecimento;
  •  Ausência total de negociação com as entidades representativas, desrespeitando a mesa permanente;
  •  Impacto direto sobre a renda, já que o programa substitui mecanismos anteriores mais estáveis e previsíveis.

Super fora da realidade – Para o coordenador da CEE/Caixa, Felipe Pacheco, o programa reforça desigualdades e não considera as condições reais da rede de atendimento. “O Super Caixa não reconhece a realidade de quem trabalha na ponta. É inadmissível que um programa que impacta a renda de milhares de empregados seja construído sem negociação, com regras que penalizam quem já sofre com sobrecarga e falta de pessoal. Esse modelo precisa ser revisto para garantir justiça e transparência”.

Felipe reforça que a CEE continuará cobrando mudanças e que a Caixa deve respeitar o diálogo com as entidades. “A Caixa não pode tratar remuneração como liberalidade unilateral. A mesa de negociação existe para proteger direitos e construir soluções. O banco precisa ouvir suas empregadas e empregados”.

Programa abre portas para o assédio e o adoecimento – O diretor da Contraf-CUT, Rafael de Castro, alerta para os impactos do programa na saúde mental das equipes. “O Super Caixa intensifica a pressão por metas, expõe trabalhadores a comparações constantes e amplia o risco de adoecimento. Não podemos aceitar que a Caixa use indicadores punitivos e pouco claros para determinar quem será ou não premiado. Isso não é valorização, é adoecimento institucionalizado.”

Rafael destaca que os indicadores de habilitação, como o Resultado.Caixa, Negócios Sustentáveis e satisfação de clientes, não refletem apenas esforço, mas também fatores estruturais. “O empregado não pode ser responsabilizado por questões que extrapolam seu trabalho individual. Isso é injusto e desrespeitoso.”

O movimento sindical reforça que o reconhecimento às pessoas que constroem diariamente a Caixa não pode se dar por meio de programas que ampliam desigualdades, geram insegurança e ignoram a realidade enfrentada por quem atende milhões de brasileiros em todo o país.

A Contraf-CUT continuará acompanhando e denunciando os problemas do Super Caixa, ao lado das federações, sindicatos e entidades representativas dos empregados, e exigindo que o banco revise imediatamente o programa para garantir justiça, valorização e respeito ao trabalho da categoria.

Falta de transparência – A representante da Fetec-CUT/SP na CEE, Luiza Hansen, enfatiza que o programa falha em dois pilares básicos de qualquer ferramenta de reconhecimento: clareza e objetividade. “Transparência e simplicidade são fundamentais. Hoje, o Super Caixa tem regras difíceis de interpretar, cálculos pouco claros e premissas que mudam de acordo com o desempenho de toda a unidade. Isso afeta a previsibilidade da remuneração e prejudica a organização de vida das trabalhadoras e trabalhadores”.

Luiza também aponta que não basta a Caixa afirmar que “analisará sugestões”. “As entidades apresentaram diversos pleitos e nenhum foi atendido até agora. A Caixa precisa não apenas ouvir, mas implementar mudanças reais. O programa só será justo se refletir o cotidiano de quem atende a população todos os dias.”

Cobrar mudanças – Diante das inconsistências e dos impactos negativos do modelo, a Contraf-CUT, por meio da CEE/Caixa, segue cobrando negociação efetiva das regras; simpllificação dos critérios; transparência nos indicadores; poteção à saúde mental; previsibilidade na remuneração; e respeito às condições de trabalho da categoria.

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