Segunda, 21 Abril 2025 23:09
VELHA HISTÓRIA

O Globo, que nos anos 60 foi contra o 13⁰, agora faz campanha contra redução da jornada

Jornal da família Marinho faz previsões negativas caso o projeto que prevê o fim da jornada 6 X 1 seja aprovada no Congresso Nacional, o que não condiz com as experiências positivas de nações capitalistas mais desenvolvidas que adotaram a medida

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

O Jornal O Globo, da família Marinho, passados mais de seis décadas parece não ter mudado uma vírgula em sua política editorial na defesa dos interesses dos mercados, grandes empresários e do sistema financeiro e contra os trabalhadores. 

No último dia 18 de abril, em plena semana santa, o jornal publicou matéria baseada em opiniões de "especialistas" que o fim da jornada 6 X 1 e a redução para a escala 4 X 3 resultaria num "impacto negativo" no PIB do Brasil de até 16%. 

O estudo, claro, vem de um setor do grande empresariado, no caso, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) que calcula o impacto econômico da medida que reduziria a jornada sem diminuir os salários. O levantamento conclui que a mudança "poderia comprometer de 14,2% a 16% do PIB (Produto Interno Bruto), com aumento no desemprego e queda na massa salarial". 

Experiências positivas

Mas, ao contrário da expectativa pessimista divulgada pelo periódico dos Marinhos, nações capitalistas mais desenvolvidas que adotaram a redução da jornada sem diminuição dos salários tiveram impactos positivos não somente na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores como também para a economia de seus países. 

O melhor exemplo vem da Islândia, que após a adoção de jornada de trabalho de quatro dias semanais viu a sua economia dar um salto, crescendo 5%, a segunda maior taxa na Europa rica. 

Mesmo no Brasil, experiências em empresas que toparam experimentar a redução da jornada mostraram, em 19 companhias testadas, que a medida mostrou alta na produtividade, muito em função do bem-estar e da satisfação dos trabalhadores por terem mais tempo para o lazer, convívio com a família, descanso ou dedicação aos cultos religiosos. 

Experiências nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Suécia, Holanda, África do Sul, Índia, Chile, Itália, Noruega, Bélgica e Suíça também mostram elevação da produtividade, mais saúde e produtividade entre os empregados e geração de mais empregos. 

A história se repete

Então, se a redução da jornada sem diminuição dos salários tem-se mostrado tão positiva porque o Globo faz campanha e prognósticos tão pessimistas em relação à proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que avança no Congresso Nacional, conquista a opinião pública e ganha adesão nas redes sociais? 

A resposta vem das velhas práticas e políticas editoriais da grande mídia brasileira, dominada por seis famílias que detêm 70% da imprensa no país. 

O Globo é um caso típico da mídia financiada pelo grande capital. Não por acaso, em 1962, ou seja há 63 anos atrás, estampava em sua capa, o seguinte título: "Considerado desastroso para o país um 13⁰ salário", em alusão a lei promulgada pelo então presidente da República, o trabalhista João Goulart. 

A criação do 13⁰ provou que a medida não apenas gerou mais renda para o trabalhador como também ajuda até os dias de hoje, a impulsionar o consumo das famílias e as vendas do varejo, contribuindo para a elevação do crescimento econômico do país. 

No caso da redução da jornada a história se repete e só revela de que lado o Globo e a grande mídia financiada pelos bancos, agronegócio e indústrias estão: do capital certamente e nunca dos trabalhadores e nem mesmo do desenvolvimento econômico e social do país.

Apoie o projeto 

O povo e a sociedade precisam estar atentos para não cair nessa manipulação e continuar apoiando a proposta da parlamentar psolista, nas redes sociais, nas ruas e enviando mensagens aos deputados federais e senadores. 

Afinal, a história ensina uma lição: o que é bom para o trabalhador é bom para o país.

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