Segunda, 21 Abril 2025 22:36
HUMANIDADE

Francisco: o Papa da humildade e da justiça social

O Papa Francisco cativou pessoas de todas as religiões por sua humildade e defesa dos mais pobres e vulneráveis O Papa Francisco cativou pessoas de todas as religiões por sua humildade e defesa dos mais pobres e vulneráveis Foto: Divulgação

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Na manhã da última segunda-feira, 21 de abril, o Vaticano anunciou a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. A confirmação oficial veio após um longo período de problemas de saúde, e logo após uma das datas mais celebradas pela Igreja Católica, a Páscoa.

Simplicidade do Pontífice 

Francisco marcou seus quase 12 anos de sacerdócio a frente do catolicismo por sua simplicidade e humildade e por posições progressistas na defesa dos mais pobres, da justiça social e contra toda a forma de preconceito e discriminação. Por isso mesmo, enfrentou reações contrárias dentro dos setores mais conservadores do Vaticano. 

Defesa da inclusão 

Primeiro Papa das Américas na história, o argentino enfrentou com coragem os escândalos de pedofilia na Igreja Católica e lutava pelos direitos dos mais necessitados e vulneráveis, defendendo a reforma e a inclusão na igreja romana. 

Saúde fragilizada 

Com a saúde frágil e usando bengala e cadeira de rodas para se locomover, em fevereiro deste ano foi internado para realizar exames e tratar um quadro de bronquite, que é uma inflamação dos brônquios. 

Apesar do agravamento da saúde no decorrer dos anos, o papa vinha mantendo grande parte de sua agenda diária de compromissos, participando, inclusive, de reuniões em sua própria residência.

Infância e juventude 

Francisco, nome escolhido por ele para seu pontificado, nasceu com o nome de Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, na Argentina. Filho de imigrantes italianos, era o mais velho de cinco irmãos: dois homens e três mulheres.

Paixão pelo futebol

Como todo argentino, Francisco era apaixonado por futebol e torcia para o San Lorenzo.  

Perguntado certa vez quem ele achava melhor, Maradona ou Messi, ele respondeu: Pelé.

Ao receber de presente uma camisa do Vasco da Gama, o Papa comentou que conhecia a inclusão social do time Cruz-maltino, referindo-se à luta do clube carioca contra o racismo e o preconceito em relação aos pobres, numa época em que o futebol era ainda um esporte de elite. 

Início do sacerdócio 

Ainda jovem, chegou a formar-se técnico em química, mas, pouco depois, escolheu o caminho do sacerdócio. Licenciou-se em filosofia, foi professor de literatura e psicologia e, posteriormente, licenciou-se também em teologia.

Foi ordenado sacerdote em dezembro de 1969, prestes a completar 33 anos. Já como padre jesuíta, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires e, posteriormente, em 2001, como cardeal, pelo então papa João Paulo II.

Como arcebispo de Buenos Aires, diocese com mais de três milhões de pessoas, elaborou um projeto missionário centrado na comunhão e na evangelização e com foco na assistência aos pobres e aos enfermos.

Francisco foi sucessor do papa emérito Bento XVI que, em fevereiro de 2013, aos 78 anos, renunciou ao pontificado em razão de problemas de saúde. 

Posições progressistas 

Em meados de 2024, por sua posições progressistas sofreu pressão dos setores reacionários da Igreja para renunciar e sobre esta possibilidade Francisco se referiu ao tema como “hipótese distante”, já que ainda mantinha saúde suficiente para seguir com seu papado. 

“Não tenho motivos sérios o suficiente para me fazerem pensar em desistir”, declarou. 

Apelo pela paz 

Francisco lançou diversos apelos à comunidade internacional por um cessar-fogo em conflitos na guerra da Ucrânia e no Oriente Médio. De forma imparcial, pedia para que ambas as partes envolvidas cedessem. Defendia uma paz duradoura e não apenas um cessar-fogo como queriam a OTAN e o governo ucraniano. 

No caso da guerra em Gaza foi um defensor dos direitos do povo palestino e também da libertação dos prisioneiros israelenses em mãos do grupo armado Hamas. Cobrava um cessar-fogo para ajuda humanitária em Gaza. 

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, enviou suas condolências ao Vaticano e chamou o papa Francisco de “símbolo de tolerância, amor e fraternidade”.

“Todas as nações têm o direito de existir em paz e em segurança e seus territórios não devem ser atacados ou invadidos. A soberania deve ser respeitada e garantida pelo diálogo e pela paz, não pelo ódio e pela guerra", declarou o Papa.

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