Quarta, 18 Setembro 2024 21:14
PROIBIDO DE CRESCER

BC do Brasil eleva ainda mais a Selic enquanto EUA reduzem os juros

Na contramão das melhores práticas Internacionais das nações mais desenvolvidas do mundo, Copom eleva ainda mais os juros, ameaçando a retomada do desenvolvimento econômico
Roberto Campos Neto (primeiro à esquerda) e a equipe do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC: juros ainda mais altos, na contramão das nações mais desenvolvidas Roberto Campos Neto (primeiro à esquerda) e a equipe do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC: juros ainda mais altos, na contramão das nações mais desenvolvidas Banco Central/Divulgação

 

Enquanto o Fed, o banco central dos EUA reduziu os juros nesta quarta-feira (18) em 0,50 ponto percentual para aquecer a economia e enfrentar a crise global agravada pela guerra da Ucrânia, no Brasil, que tem as maiores taxas de juros do mundo, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC brasileiro elevou ainda mais a Selic, a taxa básica de juros. 

A elevação de 0,25 ponto percentual, mais uma vez, corresponde às expectativas do "mercado", beneficiando o sistema financeiro, banqueiros e especuladores. Como sempre, os trabalhadores pagam o pato dessa política monetária recessiva. O país passa a ter ao ano, juros de 10,75%, os maiores do planeta. A decisão eleva os gastos da União em cerca de R$13 bilhões. Somente em 2023, o setor público gastou mais de R$732 bilhões com.juros dos títulos públicos. 

"Não dá nem para dizer que é culpa somente do Roberto Campos Neto, que todo mundo já sabe, foi indicado pelo ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro, Paulo Guedes, e conspira contra o governo Lula e o país, já que a decisão do BC foi por unanimidade", criticou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco. 

"Os trabalhadores, o setor produtivo e toda a sociedade perdem com a elevação dos juros e só banqueiros e especuladores ganham com esta política monetária em que o Brasil fica proibido de crescer", acrescentou Kátia. 

Argumentos do BC

No comunicado sobre a decisão, o BC justifica a decisão em função das expectativas de crescimento da inflação e a desvalorização do real frente ao dólar. 

Mas a situação do país pode piorar ainda mais. O Copom indicou que estaria "dando início a um novo ciclo de aumentos consecutivos na Selic", o que aumenta o risco de recessão, freando a retomada do desenvolvimento econômico. 

Dinheiro para os bancos 

Além de inibir o consumo das famílias, os juros elevados aumentam ainda mais o volume de dinheiro de toda a produção e do trabalho que é transferido para pagar os juros da dívida pública, obrigando o governo a cortar investimentos em setores sociais fundamentais, como saúde e educação, para garantir o equilíbrio fiscal, tão cobrado pelo mesmo mercado privado que exige políticas para o ajuste fiscal do governo federal. Metade da riqueza produzida pelos brasileiros é para pagar os juros da dívida. 

Na contramão do mundo

Se a alta se confirmar, nos próximos encontros a taxa básica de juros no Brasil poderá terminar o ano em 11,25%.

Na maior potência econômica capitalista do planeta, com o corte de juros pelo Fed, o índice passa a ser de 4,75% a 5% ao ano, menos da metade dos juros brasileiros. 

A política monetária do BC está na contramão das práticas nas economias capitalistas mais desenvolvidas do mundo, cujos juros são infinitamente menores e em algumas nações do mundo, chegando a quase zero. 

"Os trabalhadores precisam intensificar a mobilização nas ruas contra os juros impostos por um BC que está claramente comprometido com o sistema financeiro e este verdadeiro cartel dos bancos e sem nenhuma responsabilidade com o desenvolvimento econômico e social do Brasil", concluiu Kátia Branco.

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